quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Gripe - Terapêutica

A terapêutica da gripe é essencialmente sintomática para a febre, dor e congestão nasal, com paracetamol. Deste modo o indivíduo consegue melhorar o seu bem-estar e eliminar o vírus do organismo sem recorrer a fármacos específicos para esta doença. Isto deve-se ao facto de o nosso organismo ter a capacidade de eliminar o vírus sozinho através do nosso Sistema Imunitário.

No entanto, existem excepções em que é necessário recorrer a anti-virais e à vacina. Então, duas questões se levantam: a quem se destinam estes fármacos?; e quando é necessário recorrer a estes fármacos?

Fármacos Anti-Virais

Os fármacos anti-virais destinados a combater o vírus da gripe são fármacos inibidores da Neuraminidase. Esta proteína está situada à superfície do invólucro do vírus e é uma enzima que cliva um açúcar existente no muco das vias respiratórias (ácido siálico), conseguindo assim chegar ao epitélio respiratório, infectar as células e multiplicar-se dentro destas. Permite ainda a libertação dos vírus recém-sintetizados da célula hospedeira, através da quebra da ligação entre os resíduos de ácido siálico e o receptor da hemaglutinina. Deste modo, inibindo-se esta enzima, será possível inibir a infecção das células por este vírus e a sua replicação.

Como funcionam?
Estes fármacos ligam-se ao sítio activo da enzima, impedindo que o ácido s
iálico ocupe este lugar e, desta maneira, a enzima deixa de funcionar. São moléculas com forma semelhante ao ácido siálico.

Quando se devem tomar?

Estes fármacos são indicados em pandemias do vírus Influenza. Como qualquer vírus, este vírus sofre mutações, ou seja, modificações no seu código genético, que levam a que o nosso Sistema Imunitário o deixe de reconhecer e tenha que actuar de maneira diferente para o eliminar do nosso organismo. Todos os anos o vírus sofre estas modificações, contudo de tantos em tantos anos ele sofre uma modificação maior e mais grave e nosso Sistema Imunitário deixa de o conseguir eliminar, instalando-se uma pandemia a nível mundial. Um exemplo recente deste tipo de fenómenos é a gripe suína (gripe A H1N1) de 2009.

Fármacos no mercado
Zanamivir
  • Tratamento de infecções em adultos e adolescentes;
  • Contra-indicado em grávidas e durante o aleitamento, em doentes com asma ou DPOC (doença pulmonar obstrutiva crónica).

Oseltamivir

  • Tratamento e profilaxia de infecções em adultos e crianças com mais de 13 anos;
  • Tratamento de infecções em crianças com mais de 1 ano;
  • Contra-indicado em grávidas e durante o aleitamento;
  • Reduzir posologia no doente com insuficiência renal.

Vacina da Gripe

A vacina da g
ripe é administrada todos os anos entre Setembro e Novembro e tem como objectivo proteger contra as estirpes do vírus responsáveis nesse ano pelas epidemias da gripe humana. A Organização Mundial de Saúde (OMS) todos os anos prediz quais as estirpes mais predominantes e com base nessa informação as vacinas são produzidas. Isto deve-se às mutações no código genético que este vírus sofre, já referidas acima. Por este facto, uma pessoa que tenha tomado a vacina pode à mesma ser infectada pelo vírus! Basta que apareça uma estirpe que não esteja contemplada na vacina. Uma vez que é impossível prever todas as mutações que poderão acontecer, é impossível fazer uma vacina que englobe todas as estirpes existentes.

Como funcionam?
O nosso Sistema Imunitário reconhece os agentes estranhos ao nosso organismo através de antigénios. Quando esse antigénio lhe é estranho, ou seja, não pertence ao organismo, desenvolve-se uma resposta imunitária para que este seja eliminado do nosso organismo. Quando o nosso organismo é novamente atacado por um agente com esses antigénios, ele já o irá reconhecer e a resposta imunitária será mais rápida e, consequentemente, o tempo de infecção menor e os sinais e sintomas menos graves.
O objectivo de uma vacina é apresentar ao nosso organismo esses antigénios de uma forma atenuada. Assim, quando o organismo é atacado pelo agente estranho pela primeira vez, o nosso organismo já o reconhece e agirá de uma forma mais rápida. Ou seja, a primeira infecção funcionará como uma segunda, pois o organismo já tinha tido contacto com uma parte do agente (aquela que o identifica) através da vacina.
No caso do vírus Influenza, os seus antigénios são a hemaglutinina e a neuraminidase. Assim, a vacina é constituída por estes dois antigénios (apenas das estirpes previstas pela OMS, as outras estirpes terão modificações nestas proteínas e não serão reconhecidas).

Quem deve tomar?

A vacina da gripe é indicada para grupos de risco. Nestes grupos incluem-se os idosos, crianças entre os 6 e os 23 meses, doentes crónicos (doenças cardíacas, pulmonares, insuficientes renais, diabéticos) e todos os indivíduos debilitados do ponto de vista de defesas do organismo. São portanto as pessoas que quando infectadas por este vírus apresentam quadros fisiopatológicos mais graves.
Contra-indicações:

  • Antecedentes de uma reacção grave a uma dose anterior da vacina;
  • Alergia a componentes da vacina;
  • Precaução em indivíduos com Síndrome de Guillan Barré.

Reacções adversas:

  • Nível sistémico: febre ligeira, dor de cabeça e mau estar;
  • Nível local: dor, rubor e edema;
  • Alergias (raramente).

É importante referir que a vacina da gripe NÃO causa gripe nem reacções adversas graves!

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