sábado, 26 de novembro de 2011

Gripe


A gripe é a infecção respiratória viral mais comum. É uma infecção respiratória aguda de curta duração causada pelo vírus Influenza (os Italianos, no século XVIII atribuíam a gripe à influência dos astros, daí a designação de “Influenza”), que ao entrar no nosso organismo pelas vias aéreas superiores (nariz, por exemplo) se multiplica e dissemina para a restante via aérea, incluindo os pulmões.

Difere da constipação (causada por outro tipo de vírus, como os rinovírus) por ser mais incapacitante e ser acompanhada de febre superior a 38.ºC, fortes dores de cabeça, dores musculares, cansaço e fraqueza. A constipação manifesta-se com outros sintomas não tão evidentes na gripe (congestão nasal, espirros, irritação da garganta, por exemplo). Nas constipações não é comum haver febre e se houver a temperatura é muito baixa (< 38.ºC), sendo rara a presença de dores musculares, cansaço ou fraqueza.

O vírus Influenza é um vírus de RNA da família Orthomyxoviridae, que contém na sua superfície duas proteínas: hemaglutinina (responsável pela entrada do vírus nas células do nosso organismo) e a neuraminidase (permite a libertação dos novos vírus). Existem três tipos de vírus (A, B e C), sendo que apenas os vírus A e B causam doença com impacto significativo nos humanos (principais causadores das epidemias anuais). A variabilidade das proteínas virais (hemaglutinina e neuraminidase) está na base da classificação em diferentes subtipos.

Os sintomas da doença surgem entre 1 a 4 dias (período de incubação do vírus), sendo que a intensidade e severidade dos mesmos varia entre indivíduos. Embora possa afectar qualquer pessoa, os idosos e os doentes crónicos são os mais vulneráveis, apresentando casos mais severos.

Os sintomas mais comuns incluem febre, dores de cabeça, tosse seca, garganta irritada, congestão nasal e dores musculares. Pode ainda cursar com vómitos, náuseas e diarreia (mais comuns em crianças, raros em adultos). A gripe pode complicar, levando a bronquite, pneumonia, sinusite, otite média, encefalite, pericardite ou Síndroma de Reye (raro).

Os sintomas devem-se ao processo de defesa desencadeado pelo nosso sistema imunitário, e cessam normalmente em cerca de uma semana.

Deve procurar um médico quando a febre persistir por mais de 24 horas (superior a 37,8.ºC), quando a respiração se tornar difícil ou apresentar sons anormais ou afundamento do tórax durante os movimentos respiratórios, se surgir dor de ouvidos ou manchas vermelhas na pele, se houver recusa total da alimentação, se aparecerem sinais de desidratação (pele seca, diminuição do volume da urina, choro sem lágrimas, etc.), prostração ou mudança de cor da secreção nasal (coloração amarela ou esverdeada).

Embora existam testes laboratoriais que permitam confirmar o diagnóstico de gripe (isolamento do vírus e identificação do genoma viral), este é feito essencialmente com base nos sintomas (quando o diagnóstico é baseado em sintomas designa-se por “síndroma gripal”).

É aconselhado repouso, uma boa alimentação e boa hidratação. A título de curiosidade vários estudos apontam a famosa “Canja de Galinha” como a refeição ideal numa gripe. Segundo alguns autores, a temperatura elevada do caldo aumenta o movimento dos cílios pulmonares (porção das células do trato respiratório responsáveis pelo movimento do muco) e, por consequente, o movimento do muco. Além disso, a canja possui cisteína, que torna o muco menos espesso e facilita a sua expulsão. A terapêutica e a vacinação serão abordadas posteriormente.

A gripe é responsável por ausências no trabalho e na escola, levando a perturbações sociais e económicas consideráveis. Estratégias de prevenção são importantes tendo em vista medidas de prevenção de custos (envolvendo saúde e economia). A gripe pode ainda tornar-se um sério problema de saúde pública, como testemunhamos há algum tempo atrás com a Gripe A.

Em Portugal existe um Sistema de Vigilância da Gripe, coordenado pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA), sob coordenação da Direcção Geral de Saúde. O sistema consiste na recolha e processamento de dados de base clínica e laboratorial através da rede de médicos-sentinela e das Unidades de Urgência dos Hospitais e Centros de Saúde (semanalmente, à quinta-feira, é elaborado um Boletim de Vigilância Epidemiológica).

A OMS criou uma rede internacional de 112 centros de monitorização da gripe (Global Influenza Surveillance network), que colhe amostras de vírus com vista à identificação de diferentes estirpes em circulação. Com base nestes dados a OMS sugere, todos os anos em Fevereiro, a composição da vacina a ser produzida no ano seguinte.

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