segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Medicina Social - Nova Rede Social

Um novo portal parecido com o Facebook torna médicos e pacientes em colaboradores de investigação

Apesar dos recentes avanços médicos, o tratamento de muitas doenças crónicas continua acidental e inconsistente. Adolescentes com Doença de Chron, uma patologia digestiva diagnosticada muitas vezes em idade jovem, por exemplo, recebem muitas vezes informações conflituosas quanto a medicação, modificação na dieta e terapias alternativas. Para ajudar a aumentar os cuidados que estes pacientes recebem, uma equipa de pediatras e cientistas da computação está a desenvolver um novo tipo de rede social que transforma médicos e pacientes em colaboradores de investigação.

Eis como funciona: com cada terapia ou modificação terapêutica, médicos e pacientes participam num pequeno ensaio clínico. O paciente regista os sintomas através de relatórios diários através de mensagens de telemóvel ou pela Internet. O médico usa essa informação para tomar decisões imediatas. Deverá a dosagem da medicação ser alterada? Está a nova dieta a ajudar a aliviar os sintomas? As informações destes ensaios individuais são armazenadas num banco on-line, sendo depois agregadas a informações de outros pacientes, de ensaios semelhantes, para posterior compreensão da condição em questão. Em ensaios precoces deste processo, médicos foram capazes de aumentar a taxa de remissão de 55 para 78% sem adição de novos medicamentos ao seu arsenal. “A ideia é providenciar um cuidado continuado e recolher em tempo-real informações que vão mudar a compreensão e o tratamento da Doença de Chron”, diz Peter Margolis do Centro Médico Hospitalar Pediátrico de Cincinnati, um co-fundador do novo portal, a “Collaborative Chronic Care Network” (Rede Colaborativa de Cuidados Crónicos). A rede, conhecida como C3N, foi lançada no início do ano em 30 instituições nos Estados Unidos da América. Actualmente foca-se na Doença de Chron pediátrica, mas pode evoluir no sentido de incluir outras patologias, como a diabetes, a doença cardíaca, a psoríase e alguns cancros. Os fundadores do site acreditam que o C3N pode ainda providenciar uma nova plataforma para investigação clínica, uma significativamente menos dirigida pelo lucro. “Como os ensaios clínicos são tão caros, só são testados os tratamentos que prometem um grande lucro”, diz Ian Eslick, um candidato a PhD no Media Lab do M.I.T. e arquitecto Web chefe do C3N. “Com o C3N, conseguimos testar cientificamente outras coisas – probióticos, dietas sem glúten, alterações na ingestão de ferro – que as pessoas estavam já a tentar em casa e isso parece promissor, mesmo que não sejam rentáveis”.

Janeen Iterlandi, Scientific American, Novembro 2011 (artigo traduzido)

Ilustração de Thomas Fuchs

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