sábado, 21 de janeiro de 2012

Hipertensão Arterial - Terapêutica

A manutenção da pressão arterial dentro dos seus limites pode ser conseguida através do uso de determinadas medidas gerais, como cuidados na dieta e hábitos de vida. Uma dieta hipossalina, de acordo com as indicações do médico, ou então, caso o paciente apresente excesso de peso, uma dieta hipocalórica com vista ao seu emagrecimento, podem ser suficientes para o controlo da hipertensão arterial ligeira.

Além disso, é igualmente importante, por exemplo: não fumar, fazer exercício físico regularmente e evitar situações de stress, recorrendo a técnicas de relaxamento ou a apoio psicoterapêutico, caso seja considerado oportuno.

Quanto à terapêutica farmacológica da hipertensão arterial podemos dividir os fármacos em diferentes grupos consoante o seu mecanismo de acção, assim sendo temos:

  • Depressores da actividade do SNS / Simpaticolíticos
  • Vasodilatadores directos
  • Diuréticos
  • Bloqueadores dos Canais de Cálcio (Ca2+)
  • Modificadores do eixo renina-angiotensina-aldosterona / Inibidores da ECA
Depressores da actividade do SNS / Simpaticolíticos:

Estes fármacos evitam os estímulos provenientes do sistema nervoso autónomo, como tal provocam redução da actividade cardíaca (efeito ionotrópico e cronotrópico negativo), inibição da libertação da renina, inibição pré-sináptica da libertação da noradrenalina, sensibilização da parede vascular a vasodilatadores endógenos (prostaglandinas, histamina), inibição ou redução da actividade da tirosina-hidroxilase e dopamina beta hidroxilase e dilatação das artérias de pequeno e médio calibre, o que acaba por contribuir para a descida da pressão arterial.
São exemplos de fármacos deste grupo os bloqueadores alfa e beta-adrenérgicos como: Metildopa, Clonidina, Guanfacina, Trimetafano, Guanetidina, Reserpina, Propranolol, Atenolol, Metoprolol, Betaxolol, Acebutolol, Nadolol, Timolol, Pindolol, Prazosina, Fenoxibenzamina, Fentolamina, Doxazosina, Labetalol, Carvedilol.

Vasodilatadores Directos:

Estes fármacos actuam directamente sobre o músculo liso das artérias de pequeno e médio calibre, provocando um efeito relaxante, a sua dilatação, diminuindo a resistência vascular periférica secundária e promovendo a descida da pressão arterial.
São exemplos de fármacos deste grupo: Hidralazina, Minoxidil (muito potente, deve ser utilizado em associação com um bloqueador beta e diurético e o seu uso deve ser reservado para tratamento de hipertensões graves refractárias a terapêuticas menos eficazes), Diazóxido (dilatador arteriolar) e Nitroprussiato de sódio (vasodilatador potente, administrado por via parental, utilizado no tratamento das emergências hipertensivas bem como na insuficiência cardíaca grave).

Diuréticos:

Estes fármacos são muito variados e actuam sobre várias partes do rim. A acção destes medicamentos provoca uma maior eliminação renal de água e sais, o que leva a uma diminuição do volume de sangue circulante e, por fim, da pressão arterial.
São exemplos de fármacos deste grupo: Inibidores da Anidrase Carbónica (actuam no tubo contornado proximal: Acetazolamida), Diuréticos osmóticos (actuam no tubo contornado proximal e ramo ascendente da Ansa de Henle: Manitol, Ureia, Glicerina, Isosorbido), Diuréticos da Ansa de Henle (actuam no ramo ascendente da Ansa de Henle: Furosemida, Ác. Etacrínico, Torasemida), Inibidores do Co-transporte de Na+-Cl- : Tiazidas (actuam no ramo ascendente da Ansa de Henle e tubo contornado distal: Clorotiazida, Hidroclorotiazida) e Anticaliuréticos (actuam no tubo contornado distal e tubo colector: Triamterene, Amiloride).

Bloqueadores dos Canais de Cálcio (Ca2+):

Surgiram primeiro como anti-arritmicos, utilizando-se só mais tarde as suas propriedades vasodilatadoras para o tratamento da hipertensão arterial. Estes fármacos actuam sobre a musculatura das paredes das artérias de pequeno e médio calibre, bloqueando os canais de cálcio, cuja actividade é fundamental para a contracção muscular. Desta forma, evita-se a constrição das ditas artérias, o que permite uma vasodilatação periférica e a consequente descida da pressão arterial.
São exemplos de fármacos deste grupo: Nifedipina (possui um máximo de efeitos vasodilatadores e um mínimo de efeitos cardíacos), Verapamil (efeito vasodilatador menos marcado que a nifedipina, mas por outro lado com acções cardíacas mais potentes) e Diltiazem (ocupa um lugar intermédio entre a nifedipina e o verapamil).

Modificadores do eixo renina-angiotensina-aldosterona / Inibidores da ECA

Estes fármacos actuam por inibição da actividade da angiotensina II, uma substância produzida quando os níveis de renina, uma enzima secretada pela células justaglomerulares dos rins, aumentam na corrente sanguínea. A angiotensina II apresenta efeito hipertensor, na medida em que provoca uma intensa vasoconstrição periférica e estimula a produção de aldosterona, uma hormona que proporciona a retenção de água e sais nos rins, o que faz aumentar a pressão arterial. Por esta razão, sempre que se neutralize a actividade da angiotensina II, obtém-se um efeito hipotensor, porque ao não haver retenção de água e solutos, a pressão arterial vai diminuir.
São exemplos de fármacos deste grupo: Os inibidores da Enzima Conversora da Angiotensina - ECA (Captopril, Enalapril, Lisinopril, Benazepril, Fosinopril, Moexipril,) e Inibidores competitivos dos receptores da angiotensina II (AT1 Losartan e Valsartan e AT2).

Fig. Eixo Renina-Angiotensina-Aldosterona

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