Este é um processo inflamatório
crónico que resulta do contacto prolongado do conteúdo gástrico (ácido) com a
camada mucosa do esófago. O contacto é feito por diminuição da capacidade esfincteriana
do esfíncter esofágico inferior (EEI), que assim permite que o conteúdo do
estômago volte para o esófago.
Como podemos diagnosticar a DREG (Doença de Refluxo Gastro-esofágico)?
Uma pHmetria (medições de pH –
acidez) 24h permite registar os valores de pH, sendo importante registar o
número e duração de episódios com valores inferiores a 4 (normal: perto de 7). Uma
biopsia procura os sinais de displasia e adenocarcinoma que se podem ter
desenvolvido. A Esofagomanometria utiliza-se para avaliar o peristaltismo secundário
do esófago e o tónus do EEI.
A que se associa a DREG?
Hérnia do hiato
Na hérnia do hiato perde-se o gradiente
de pressões entre o EEI e o estômago. O EEI passa a estar na cavidade torácica,
facilitando o refluxo.
Tratamento da acalásia
A acalásia é uma situação em que o
esfíncter esofágico inferior não relaxa, é uma obstrução funcional. Os sintomas
são: disfagia (dificuldade na deglutição), regurgitação, dor torácica. É devida
a um defeito de inervação do corpo do esófago e do EEI. Na acalásia, o EEI
encontra-se ainda mais contraído e não relaxa em resposta à deglutição, devido à perda
parcial de neurónios na parede do esófago. O esófago, que
acumula os alimentos, aumenta, elevando o risco de pneumonia por aspiração. Sem tratamento, os pacientes
vão perdendo peso, sentem dor torácica, ulceração da mucosa, infecção e em
casos graves, há ruptura do esófago, que pode resultar em morte.
Ingestão de cafeína, chocolate
e gorduras
Diminuem o tónus* do EEI.
*Tónus: estado de tensão/contracção em que se encontra um músculo em
repouso. O EEI é composto por fibras musculares.
Posição de decúbito (deitado)
O conteúdo gástrico está mais
próximo da transição gastro-esofágica nesta posição.
Álcool e Tabaco
Diminuem o tónus do EEI. O tabaco
é também responsável pela diminuição do bicarbonato (neutralizador de acidez)
presente na saliva.
O DREG é o produto do desequilíbrio entre os mecanismos que favorecem e
os anti-refluxo. Assim sendo, quais são esses mecanismos?
Mecanismos que favorecem o refluxo
(Os mecanismos que favorecem o refluxo
vão originar lesão da mucosa, que
desencadeia um processo inflamatório)
Aumento da frequência dos
relaxamentos do EEI
Tónus do EEI (diminuído)
Aumento do volume ou pressão
gástrica
Pode acontecer depois de uma
refeição em que a pressão gástrica aumenta, por estase gástrica, obstrução do
piloro (que leva à incapacidade de os alimentos saírem do estômago), entre
outros.
Atraso no esvaziamento
Leva a um aumento do tempo de
permanência do conteúdo no estômago.
Aumento da produção de ácido
Mecanismos Anti-refluxo
Ângulo de His
Este ângulo é o ângulo formado
entre o cárdia e o esófago. Trata-se de um esfíncter fisiológico, na medida em que,
quando o estômago aumenta de volume, favorece o encerramento do cárdia,
diminuindo o refluxo.
Tónus do EEI (aumentado)
Peristaltismo secundário
São ondas desencadeadas pela
distensão do esófago, permitindo a clearance do conteúdo.
Deglutição da saliva
Relaciona-se também com a
clearance e com a neutralização do conteúdo ácido do estômago.
Como é que a DRGE se manifesta?
Pirose
Trata-se de um desconforto
retroesternal conhecido por azia. Pode estar associado a regurgitação ou sensação de fluído a
chegar à orofaringe. É provocada por uma hipersensibilidade da mucosa esofágica.
Dor retroesternal
Odinofagia
Dor durante a deglutição
Disfagia baixa, progressiva
Dificuldade em engolir ou mais especificamente,
a sensação de obstrução ou de paragem da progressão de alimento.
Anemia microcítica e
hipocrómica
Diminuição da Hemoglobina, do
Volume Globular Médio e da Ferritina
Para que pode evoluir?
Cicatrização e Metaplasia Pavimentosa.
A última denomina-se Esófago de Barrett, sendo que 2 a 5% dos casos evoluem
para adenocarcinoma do esófago.
IMPORTANTE: O refluxo, por si só, e num único episódio não é patológico.
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