sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Hematologia (Overview)

O sangue constitui-se como a peça de união de todos os sistemas do nosso corpo. Não há nenhum órgão que não seja irrigado por ele, através dos mais variados vasos existentes na anatomia humana. A sua importância é tal que se apresenta como sendo o fluido corporal em maior volume, podendo variar, normalmente, entre 4 a 6 litros (valor que depende de vários parâmetros, nomeadamente do género, idade, factores relacionados com a dieta alimentar, etc.), correspondendo, no homem, a cerca de 8% da sua massa corporal total. A sua principal função é garantir a homeostasia básica do organismo, visto que é responsável pela distribuição de oxigénio e nutrientes aos órgãos, bem como a remoção de produtos tóxicos resultantes do metabolismo, reencaminhando-os para os locais específicos de eliminação.


Sendo considerado um tecido líquido que ocupa o sistema vascular sanguíneo, o sangue é constituído por uma variadade de células (representando 45% do volume total de sangue) e o restante volume, 55%, é constituído por água na qual se encontram dissolvidas proteínas (com várias funções, sendo uma delas a manutenção do equilíbrio osmótico), gases e outras substâncias. Tendo em conta todas estas características, a Hematologia (ciência responsável pelo estudo do sangue) não se dirige apenas ao estudo do sangue enquanto fluido, mas sim ao seu todo, desde as células que o constituem, parâmetros físico-químicos importantes e órgãos hematopoiéticos responsáveis pela produção de células sanguíneas essenciais.




Os elementos figurados do sangue (os elementos celulares) incluem as plaquetas (algumas centenas de milhar, em condições normais), leucócitos ou glóbulos brancos (alguns milhares) e eritrócitos (alguns milhões). Atente-se no facto de não se referir nenhuma quantidade em concreto de cada um dos elementos celulares pois, tendo em conta as várias fontes de informação e método de trabalho de cada local onde se procede à realização de hemogramas básicos, não existe um valor definido. Aliás, será ainda mais incoerente assumir certos valores como correctos tendo em conta que estes variam conforme o estado de saúde e outros factores anatomo-fisiológicos do indivíduo em questão, como será possível constatar-se em publicações futuras. No entanto, em cada local será possível encontrar-se uma “orientação” por valores de referência, visto que estes são essenciais como complementares a possíveis diagnósticos.



Ainda relativamente aos elementos figurados do sangue, podemos ser mais pormenorizados na sua descrição, em especial da série branca (glóbulos brancos). Esta série é constituída por 5 células morfológica e funcionalmente diferentes, sendo elas (por ordem decrescente de número de células existentes em condições normais) os Neutrófilos, os Linfócitos, os Monócitos, os Eosinófilos e, finalmente, os Basófilos. Cada um deste tipo de células possui características específicas que permite, normalmente, a sua distinção através da observação por microscopia óptica. No entanto, devido ao polimorfismo que estas células podem apresentar no contexto de variadas patologias, pode ser necessário recorrer a outros métodos (bioquímicos, por exemplo) para identificação das mesmas.

Já o plasma (parte do sangue onde não são incluídos as células que nele circulam) é constituído por cerca de 91% de água, 7% de proteínas (sendo as que se encontram em maior quantidade a albumina, globulinas e fibrinogénio) e, ainda, cerca de 2% de outros solutos, entre os quais se podem citar iões, nutrientes, produtos de metabolismo celular, gases e outras substâncias que poderão, eventualmente, encontrar-se em circulação. Todos estes constituintes têm importância na sua função, seja por serem parte activa na manutenção da pressão osmótica, dos potenciais de membrana ou estando envolvidos na resposta imunitária.



A hematopoiese – processo no qual se originam as células sanguíneas – acontece nos órgãos hematopoiéticos. A linhagem das várias células sanguíneas inicia-se num percursor comum, uma célula pluripotente, que posteriormente tem a capacidade de se diferenciar conforme os estímulos externos assim o influenciarem. Cada linhagem sanguínea tem, desta forma, o seu conjunto de factores de crescimento e outros estímulos (via hormonal, por exemplo) que definem a diferenciação e multiplicação das células que, num determinado momento, são essenciais. Todo o processo referente à vida das células sanguíneas e à sua eliminação quando chegam ao fim do prazo útil de vida está intimamente ligado aos órgãos hematopoiéticos e linfáticos do organismo. Destaca-se a Medula Óssea e o Timo como órgãos hematopoiéticos primários, locais onde ocorre a diferenciação e a maturação de algumas células. Já entre os órgãos hematopoiéticos secundários destacam-se o Baço, os Gânglios Linfáticos e o Tecido Linfóide não Encapsulado (MALT; GALT; BALT).


Sendo o sangue o elemento de ligação e que, de uma certa forma, garante a estabilidade de todos os sistemas do organismo, é um elemento que em certas patologias é bastante afectado. Isto assume grande importância quando se usa o sangue como um meio para diagnosticar várias patologias. Muitas outras vezes, existem factores extrínsecos ao organismo que influenciam os valores normais dos parâmetros sanguíneos, resultando numa série de sinais e sintomas que caracterizam várias doenças do foro hematológico. Assim sendo, futuramente serão abordadas várias patologias hematológicas, desde anemias, linfomas e leucemias, hemaglobinopatias, que irão evidenciar a importância do sangue como factor essencial para a manutenção da vida.


Bibliografia:


- Diapositivos de Aulas Teóricas de Hematologia, Profs.Leonor Correia e Adelaide Falcão, Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa, Ano 2010/11

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