sábado, 19 de novembro de 2011

Parasitologia - Introdução

Ao observarmos os seres vivos - animais e vegetais - vemos que o seu inter-relacionamento é enorme e fundamental para a manutenção da "vida". Podemos mesmo, afirmar que nenhum ser vivo é capaz de sobreviver e reproduzir- se independentemente de outro. Entretanto, esse relacionamento varia muito entre os diversos reinos, filos, ordens, géneros e espécies.


Existem factores predisponentes para a ocorrência de parasitoses nomeadamente a superlotação de animais, o manejo inapropriado de alimentos, a ausência ou má utilização de medidas preventivas e um tratamento inadequado.

Assim, muitas espécies passam a conviver num mesmo ambiente, gerando associações ou interacções que podem ou não interferir entre si. Essas associações podem ser: Positivas, quando há benefício mútuo ou ausência de prejuízo mútuo; Negativa, quando há prejuízo para algum dos seres vivos.


O que é um parasita?
É um organismo que, com a finalidade de se alimentar, de se reproduzir ou completar o seu ciclo, beneficia de um outro organismo (animal ou vegetal), produzindo efeitos deletérios nesse hospedeiro.

O parasita possui diferentes graus de interacção com o hospedeiro permitindo assim a classificação em 3 tipos de parasitismo:
Parasitismo obrigatório – organismos que só conseguem viver à custa de outros, estando subdivididos em “Temporário” – o parasita deixa o hospedeiro quando as necessidades nutritivas estão satisfeitas; “Periódico” – o parasita só vive no hospedeiro durante uma parte da sua vida e “Permanente” – o parasita vive no hospedeiro durante toda a sua vida.
Parasitismo facultativo – organismos que vivem na natureza, mas que se tornam parasitas sob condições favoráveis.
Parasitismo acidental – animais livres que podem ser engolidos acidentalmente e que são eliminados naturalmente.

No que diz respeito á localização do parasita este pode ser endoparasita (permanece no interior do hospedeiro) ou ectoparasita (permanece na superfície corpórea do hospedeiro).

Acção dos parasitas sobre o hospedeiro
Nem sempre a presença de um parasita no hospedeiro indica que exista patologia associada. No entanto, essa ausência de patogenicidade é rara, de curta duração e, muitas vezes, depende da fase evolutiva do parasita.
Em geral, os distúrbios que ocorrem são de baixa patogenicidade, pois há uma tendência para haver um equilíbrio entre a acção do parasita e a capacidade de resistência do hospedeiro.
A doença parasitária é, no fundo, um acidente que ocorre em consequência de um desequilíbrio entre hospedeiro e o parasita, sendo o grau de intensidade da doença parasitária dependente de vários factores, dentre os quais salientam: o número de formas infectantes presentes, a idade e o estado nutricional do hospedeiro, os órgãos atingidos, a associação do parasita com outras espécies e o grau da resposta imunitária ou inflamatória desencadeada.
No fundo, a morte do hospedeiro representa também a morte do parasita, o que, para este, não é bom!


Medidas de prevenção
Temos de estar cientes que existem formas de nos protegermos contra os parasitas partindo estas de diversos cuidados que teremos de ter. Existem três níveis de prevenção, estando cada um relacionado com o grau de infecção/infestação presente no organismo:
Prevenção Primária: Medidas que procuram impedir que o indivíduo adoeça, controlando os factores de risco; agem, portanto, na fase pré-patogénica ou na fase em que o indivíduo se encontra susceptível. Podem ser primordiais (habitação e saneamento adequado, incluindo tratamento de água, esgoto e recolha de lixo, educação, alimentação adequada) e específicas (imunização, protecção contra acidentes).
Prevenção Secundária: Medidas aplicáveis aos indivíduos que se encontram sob a acção do agente patogénico (fase subclínica ou clínica). Estas medidas procuram impedir que a doença se desenvolva para estágios mais graves, que deixe sequelas ou provoque morte. Entre estas medidas, estão o diagnóstico da infecção ou da doença e o tratamento precoce.
Prevenção Terciária: Consiste na prevenção da incapacidade através de medidas destinadas à reabilitação, aplicadas na fase sintomática ou pós sintomática da doença. Entenda-se como o processo de reeducação e readaptação dos doentes que possuam sequelas. Inclui a reabilitação (impedir a incapacidade total), a fisioterapia, a terapia ocupacional, as cirurgias de reparo e a colocação de próteses. Muitas vezes a prevenção secundária e a terciária são aplicadas em conjunto.

Bibliografia
• Leitão, J. 1893. Parasitologia veterinária: parasitas (2º Ed). Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, Portugal.
• Neves, D.P., Melo,A.L., Linardi, M.P., Vitor, R.W.A. 2004. Parasitologia Humana (11ª Ed). Atheneu, São Paulo, Brasil.
• Rey, L. 2009. Bases de Parasitologia Médica (2º Ed). Guanabara Koogan, Brasil.
• Yamaguchi, T., Inatomi, S. 1981. A Colour atlas of clinical parasitology. Lea & Febiger, Philadelphia, USA.
• Slides das Aulas Teóricas de Micologia/Parasitologia da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa.

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