Os ácidos biliares foram inicialmente utilizados de modo terapêutico para a dissolução de cálculos na vesicula biliar, sendo apenas efectivos para casos de cálculos de colesterol radiotransparentes, não calcificados, com um diâmetro inferior a 2 cm e em vesiculas funcionais.
A eficácia, de uma terapia com ácidos biliares, é maior em doentes não obesos e quando os cálculos são múltiplos e de pequenas dimensões. A terapêutica deve ser prolongada (1 a 2 anos), sendo aconselhada terapêutica de manutenção para evitar recidivas.
A bílis de doentes com cálculos de colesterol é super saturada, o que predispõe para a formação de cálculos. A super saturação de colesterol pode resultar do aumento da sua excreção biliar ou da diminuição dos ácidos biliares e da lecitina. A diminuição do "pool" de ácidos biliares pode ser modificada com terapêutica de substituição.
No mercado existem 2 fármacos que vão ao encontro deste tipo de terapêutica (antilitiásico biliar), ambos são Medicamentos sujeitos a receita médica: o ácido quenodesoxicólico e o ácido ursodesoxicólico.
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O ácido quenodesoxicólico (ácido quénico) aumenta a solubilidade do colesterol e permite dissolver cálculos já formados. O ácido quénico determina o aumento da secreção intestinal de sais e água pela parede intestinal, pelo que a diarreia é efeito lateral frequente. A flora bacteriana intestinal converte o ácido quénico em ácido litocólico que é hepatotóxico. Se a elevação de transaminases for inferior a 2 vezes o valor normal, as alterações são usualmente transitórias e reversíveis, com a suspensão da terapêutica.
O ácido ursodesoxicólico (ácido úrsico) tem "menor afinidade de membrana": não determina aumento das transaminases, não induz secreção fluída pelo intestino e não causa diarreia.
Apesar da extensa informação sobre estes dois fármacos, o seu verdadeiro interesse na terapêutica da litíase biliar é muito controverso; quando avaliada a pequena população susceptível de beneficiar, esta necessitará de terapêutica prolongada, com elevada incidência de recidivas 5 anos após a suspensão (50%). A identificação dos doentes em risco e a limitação do emprego de fármacos que aumentam a concentração de colesterol e a prevalência de calculose é provavelmente mais rentável em termos de risco/benefício (estrogénio, clofibrato, etc.).
Juntamente com esta terapêutica deve-se administrar fármacos para o alívio dos sintomas, hidratar bem o doente e efectuar antibioticoterapia de largo espectro, uma vez que devido ao fluxo diminuído de bílis (estase) pode haver uma colonização e infecção da Vesícula e vias biliares.
Nos casos em que, não há diminuição da litogenicidade da bílis nem dissolução dos cálculos já formados, recorre-se a uma Colecistectomia, sendo este um procedimento cirúrgico de primeira linha, por via laparoscópica (minimamente invasivo e através duma pequena incisão no umbigo) ou pela via aberta (utilizada há décadas) para se retirar a vesícula biliar e os cálculos ou tumefacções neoplásicas, melhorando o fluxo biliar. Após a excisão da vesícula, não há perdas de função significativas para o doente a longo prazo.
Bibliogafia:
GOODMAN AND GILMAN, As bases da farmacologia da terapêutica, McGrawHill, 10ªedição, 2005, USA
Prontuário Terapêutico 2010, Ministério da Saúde, 2010, Portugal
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